quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Números


Na contagem do mundo novo, nas regras, calendários. Numa espera coletiva de datas melhores. Participo do embalo, de pés descalços, de tinhas em punho e listas. Deveres e quereres em tópicos. Promessas à entidade própria. Desvaneios ao contar estrelas, à contabilizar tudo que é meu. Aos meus direitos de dias cansativos, dias belos, dias de sol e tardes cizentas. Pisar no que me é chamado de futuro, com pilulas engasgadas ainda na garganta. Em espectros que me carregam no embalo caleidoscópio por essas areias. Registrando em mente, desde já, o filtro solar, o toque do despertador, a trilha que vai chegar, a que vou percorrer - meio sem lar. É blues que vai embalar. A cama feita, a mesa posta. Em postas meus sonhos. Numa energia mutua, ciclica, repetitiva e esperançosa. Tudo que é cuspido falado pra dentro, para depois por pra fora. Em contagem da vida em números. Em nada que de verdade nos valha. Em tudo de que ilusório nos agarramos. Em tudo que pode tornar-se real. Bem  melhor agora, mundo novo.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Sua lei (Dori Caymmi Feelings)


É o amor outra vez
Veio sem me avisar

{...}
Quando o amor se hospedou
Todo o mal se desfêz
Toda dor teve fim
Pois quem cuida de mim
É o amor outra vez

{...}
Mas agora que eu sei
Todo o bem que me fez
Vou seguir sua lei
No meu peito, meu rei
É o amor outra vez ♪

É o amor que dá vida ao meu peito / Prá eu jamais ver o tempo passar / É o amor que dá paz ao meu leito / E me ensina a sonhar / Só o amor faz um bem tão bem feito / Que o destino não vai desmanchar / Só uma coisa no amor não tem jeito / É ter medo de amor

Sonhei


Não deu pra fugir. Impossivel evitar. Gesto invuntário da mente. Adormeci, saí de mim. Apaguei. Deitado, travesseiro extra entre os joelhos, um dos braços embaixo do outro travesseiro. Aquele cheiro distante. A mente pintando aqueles quadros movimentados de sempre. Onde eramos filme. Onde eramos drama. Completamos nossa tragetoria de risos, abraços, beijos e despedidas. Entendimentos. Havia um pouco de medo - já que tudo ali nos era muito. Os detalhes da bebida, da camisa, dos cabelos. A lingua leve. O gosto forte. Algumas brumas comuns a todos os sonhos no cenário. E a trilha. A nossa mais perfeita trilha. É, sonhei. E eu estava de olhos abertos.

... em ti já estava imerso

domingo, 27 de dezembro de 2009

De estimação.


Deixo que suba no sofá, sem ninguém saber. Acaricio teus pelos. Sou tua casa, tua comida, tua roupa lavada, estendida. Te vejo espriguiçar, te deixo me lamber. Ponho na cama. Levo pra passear. Mimo, estrago, enfeito. Te largo, te deixo virar latas. Deixo a janela aberta porque sei que você sabe o caminho de volta. Preparo os novos novelos. Cheiro panos se bater a saudade. Aqui é teu segundo lar. Teu pulo telhado. Único lugar de paredes sólidas onde não precisas se preocupar com a forma de render-se a preguiça e ao agito. Eu te passo um pente, um elogio. Leite no pires. Sobremesa. Dedos melados de nutella. Voz de criança mimada e misto de apelidos estranhos. Te canto uma música da Bruni. Falo de coisas que você já sabe, que você já viu e ainda sim me olhas com cara surpresa. Ainda falta te falar tanto, no sofá ou na varanda. Parta. E pule a janela. Mas lembre-se de não avisar.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Supremacia


A inspiração em ondas. Em movimento pulsante nos dedos. Em tintas e papel. Involuntariamente, obrigatoriamente. Feito o resultado do enjoo. Feito tosse seca. Respiração em alpha. Batimentos do coração de um futuro suicida qualquer. Queda d'agua. A inspiração bate a minha porta de provocação, porque arranca a minhas paredes e diz isso ser o mais fraco de seus truques. Colore minha visão, apaga todas as minhas notas mentais. Me zera. Me toma e me guia por onde nunca sei como voltar. Se esvai. Me deixa em lugar algum. Só e repleto. Constante e vazio. Descrito porém ilimitado. Invadido. Mas ainda sim - ó, inspiração - viciado.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Replay


A lua não esteve naquela noite. Não brilhou no cenário. Não fez trio no par. Não roubou a cena em minha vista. Pra falar a verdade não procurei por ela. Andei a procura de mim. Tentando me achar em outras materias. Das terrestres, imperfeitas. Nas bebidas na mesa. No refrão da música. Na calma. Em bocas. Fazendo-me de taça, com marcas depois de alguns goles. Arthemis estava lá àquela noite. Como poderia faltar? Não em lua. Mas sim, e não sei como. Sei que em pele, gotas, fumaças. Brilhou em minha mente hoje, porque sumiu naquela hora de minha lembrança. Perdeu o fiel espectador pra algo não tão belo, coisa não tão fria. Assisti risadas, assisti arrepios. Tudo de olhos fechados.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Da série 'Rascunhos': Eclipse Oculto

{...}
Now there's just no chance, for you and me,
there'll never be
And don't it make you sad about it

You told me you loved me
Why did you leave me, all alone
Now you tell me you need me
When you call me, on the phone
Girl I refuse, you must have me confused
With some other guy
Your bridges were burned,
and now it's your turn to cry
Cry me a river ♪

I know that they say
That somethings are better left unsaid
It wasn't like you only talked to him and you know it
(Don't act like you don't know it)
All of these things people told me
Keep messing with my head
(Messing with my head)
You should've picked honesty
Then you may not have blown it
[What goes around, goes around, goes around...Comes all the way back around]
Yeeeeeeah ♪

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Dois tempos

É sua essa temperatura
Era pra ser hoje. Já foi. Será.
Me corto em pedaços - me aqueça!
Me destino, me desvio, por vezes.
Vivi, escrevo e imagino.
Me desconcertei e te farei.
Nos mesmos minutos.
Na sua decada a mais.
O gozo, a reza e a parte nula.
Fervendo.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O sopro, o suspiro e as asas - parte 3 de 3.


Noite de frio. Começa então a passar pela mente quanto calor fez naquela manhã. Mas nada afasta a fumaça que sai da boca em todas as juras pensadas que são feitas. De frente, chega perto e traz calor. Mais perto, mais calor. Divide então a mesma pulsação no peito. Há calor aqui dentro. Há frio. Há frio aqui fora - cortante como vento que, por vezes, vem de dentro. Vento demais, brisa demais faz encolher as asas. Fechar-se um pouco. É de aprender a cada dia que há medidas para as coisas. A dose certa de suor no sopro ao pé do ouvido, a quantidade de suspiros que lhe cabem numa  temporada e a hora de fechar as asas e voltar ao ponto de partida - respirar. Respirar para quando novamente voar, tirarem todo esse ar.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O sopro, o suspiro e as asas - parte 2 de 3.


Abafado. Suor a escorrer pelo canto do rosto. Tecido colando no peito como metais e peles em queimadura de terceiro grau. O nariz - isso parece tão barulhento - inspira. A boca está a soprar o ar. Não, com um pouco mais de força. Aí, quase. E o coração a bater tão barulhento quanto as marteladas que os comprimidos não resolvem, mais alta que a inspiração - perdendo somente pra expiração e pra outro barulho qualquer não identificado. A face toma uma expressão de 'basta', logo fica um pouco sofrida e agoniada com mais uma gota que escorre dos cabelos para testa, para então sentir-se um pouco satisfeito. A decisão foi levantar, abrir a fresta da janela, ouvir o vento soprar. Gelado, aliviante e fazendo perguntar porque não o havia feito antes. Talvez, em meio a tanto calor, o vento pudesse trazer mais prazer do que se houvesse vencido a preguiça e corrido à janela antes. Na posição que antes estava, com a mente vagando e apagando todas as paredes, armários e objetos qualquer ao redor, puxa um ar de recentes lembranças e deixa-o sair pelas narinas devagar. Um suspiro. Tão mais aliviante do que aquela corrente de ar. Do que qualquer outra corrente. Como se esse ar pudesse ter arrastado tudo que estava no redor. Como se esse ar, e não a mente, pudesse fazer flutuar nessas lembranças brancas, neutras. Voar.

domingo, 20 de dezembro de 2009

O sopro, o suspiro e as asas - parte 1 de 3.

Yo suelto mi canción en la ventolera, Y que la escuche quien la quiera escuchar ♪'

Vento. Soprou-me um aqui agora. Em forma de palavras. Letras que se chocam com a pele numa ordem ousada de dizer verdades. Para que as mesmas aconteçam, e também todas as demais coisas que o vento traz, é necessário por os pés pra fora ou, quem sabe, deixar-se esquecer a janela aberta. Em alguns lugares dizem que ele leva a loucura, e crianças dizem que ele tornará eternas suas caretas. Balança, derruba, resseca, resfria - mas aqui não eterniza. Leva, limpa, varre. Como esquecer o que estava fazendo, correr para as primeiras gotas de chuva na rua, abrir os braços, cessar passos, pulsos, abrir a boca - e mesmo que dali não saia nada - gritar sua loucura ao mundo. Deixa que o sopro beije teus pelos, bagunce teu cabelo, ajeite teus braços como asas, tape seus olhos e leve tudo que de peso te impedia de voar. Leve. Voa. Aproveitar, soltar, que outro desse pode demorar a passar.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Ponto alto


Pintaria tua pele de vermelho deixar redor para as minhas marcas. Te deixaria me balançar. Perderia minhas palavras. Subiria teus degraus. Te faria desleal. Infiel. Te daria o pecado pelo perdão. Me desintoxicaria. Me sujaria. Faria rebelião nos meus anseios. Seus seios. Olharia a hora pelo gosto de perde-la. Faria-me cetico e mistico. A luz naquela janela. A mão da outra. Seria o pano que te cobre, a produção das gotas que transpirarias. Seu quinto elemento. Bica, de onde escorre tua agua. Tua ponte pra cá. Tua vista, cartão postal. Lágrimas de tua ira.Visão de teu ponto alto.
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Pinto tua pele de vermelho deixo redor para as minhas marcas. Te deixo me balançar. Perco minhas palavras. Subo teus degraus. Te faço desleal. Infiel. Te dou o pecado pelo perdão. Me desintoxico. Me sujo. Faço rebelião nos meus anseios. Seus seios. Olho a hora pelo gosto de perde-la. Faço-me cetico e mistico. A luz naquela janela. A mão da outra. Sou o pano que te cobre, a produção das gotas que transpiras. Seu quinto elemento. Tua data certa. Bica, de onde escorre tua agua. Tua ponte pra cá. Tua vista, cartão postal. Lágrimas de tua ira. Visão de teu ponto alto.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Reservado



Espaço, linhas, post. Guardo em mim as canções. Tudo que vou cantoralar. As minhas palavras que serão usadas já podem lidas nas palpebras quando fecho os olhos. Reservado aqui meu encanto, minhas noites sem sono, meus dias de janeiro. Pensada a fuga, as poucas coisas numa mochila, os desvaneios pesando os bolsos da calça e a empurrando em direção ao chão. O que vou falar do tempo, o que posso fazer à mesa, como posso despir, falar, fazer, despedir. À curto prazo. Tudo guardado. Revisado. Ainda sim, sem planos. Todas as trilhas caminham pra gente se achar, né!?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Linhas Paralelas

No mesmo romance, mas narrados em linguas diferentes. O meu tempo é bem isso que meu reflexo mostra. Pleno e sem planos. Correndo em mesma velocidade, mesma direção, mas já em outra pista; vejo os sinais que me atraem. Sinais de luz que me iluminam. Atrai. Esse outro caminho, mais ao longe, a qual eu não percorro, necessita de mais do que posso me abastecer. São nossos tempos, nossas distâncias dando o tom amargo em todas as nossas nuances. Arriscando nosso acaso, nosso encontro, dialogo, caricias e futuro. Não chegam a impedir cenas nesse livro, marcas; mas impõe esse precipicio. Caminhamos juntos e, ao mesmo tempo, tão separados. Olhe num espelho pro passado e me veja ali refletido. Tal como te vejo no aço do reflexo de meu futuro. As nossas mensagens se perderão em nossas linhas do tempo - atrapalhando a comunicação. Feito a casa no lago, ou algo do tipo. Linhas paralelas, que ainda podem surpreender a física com toda nossa quimíca e nos fazer um só ponto nessa estrada.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Texto em dobro

Desfilo por essas ruas de pedra, com meus quatro pés, lançando mão - com muita ginga - de todos os meus manuais. Me contradigo. Divido o ar, a conta, o dezembro. Se na próxima esquina em que eu virar alguém me avistar, vai sabendo que acompanhando meu embalo poderia ser você. Se o acaso, destino, força maior nos controlasse. Não querer. Se das vezes que eu desse as costas a música triste não embalasse só a minha cena. As duas bebidas estacionadas no balcão, desfilando em minha mão, poderia ter outra direção. Mas não. E é mais divertido assim. Não há contagem de negativos, não há insistência, desistência, não falta paciência. Se depois que dobrarmos a rua, é bom saber. Não sei andar em linha reta. Poderia ter sido o meu batido 'para sempre'. Mas eu me dobro em outros corpos, novas canções. É uma pena. Agora, com a rotina quebrada - e parafraseando o Soul -, quando penso nisso, estou melhor sem isso.

When i think about it
I'm better off without it
{...}
That could've been you uh uh ♪'

sábado, 12 de dezembro de 2009

Camará

Cavei em minha morada poços, a perder de vista, repletos de meus sentimentos. Assim tornam-se profundos. Uns transbordam amor, dos fraternos aos shakespearianos. Outros enchem-se num movimento contrário feito por baldes e metros de corda. Reservando alegrias, aquecendo expectativas. Ah, aqui secaram-se lágrimas. Elas acabam por tirar a fertilidade da terra com seu excesso de sal. Há em tudo que sou, um tanto do muito que faz bem. Mais do que previa. Mais do que o solo seco e inabalavel que um dia prometemos a nós mesmo nos tornar. No que cavo - com unhas -, construo elevações com a terra que movo do lugar. Elas estarão sempre presente, farão, por vezes, tropeçar, sujarão o chão quando, outrora, o vento soprar. Há todo sacrificio, gotas de suor. Mas quando acordar naquela próxima manhã não precisará tirar o que lhe refresque do que já esta seco - leite de pedra, vacuo de poços. Há uma reserva, uma nascende e um moinho. É o que colho, o que me lavo, o que me valeu a pena. Obra que fiz nas diversas vezes em que pareci silenciado.

Nota do escritor: Este texto não tem semelhança com 'O mundo é um moinho' de Cartola. Não deste lado.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Texto tênue

O meu movimento só obedece comandos de um alarme vermelho criado pela minha mente. Os passos de merengue, sorriso de arte dos anos XX. Me vesti assim. Vestes do meu bom humor, do meu sarro e de toda minha malemolência. Mas é que só assim me vejo, só assim me faço, ensaio, enceno. E como as loucuras dos grandes moradores das ruas, torno-me bem esse embalo. De fora, pra dentro. Por completo, por contaminação, por alquimia. E no relance que ainda me vejo só no bolero, ou na face de um quadro 'tangled up in blue', aprendo a deixar de me corresponder. Deixar janelas abertas, deixar o ritmo no rádio, às cascas e a coreografia. Dignamente aprendiz no caos. Desordem. Torno-me toda luz que as cortinas não tapam. Tudo que está fora, errado, agitado e que sorri.

Sou o certo, sou o errado, sou o que divide
O que não tem duas partes, na verdade existe
Mas não esquece o que lhe fazem
Nos bares, na lama, nos lares, na lama
________________
Canta pra mim, Ney!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Toca Raul!


- All right, man!
Estou sentado em minha cama
tomando meu café prá fumar
trancado dentro de mim mesmo

...eu sou um canceriano sem lar

Eu tomo café pra mim não chorar
pergunto à nuvem preta quando o sol vai brilhar
- Play the blues!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Sinestesia


Eu não quero transformar pensamentos em palavras mas o hábito já criado me tira esses minutos, me coça a língua, me faz limitar. Abaixo o som pois já basta as letras que repetem-se na minha segunda mente. Eu desliguei os meus botões; cortei a força. Eu já acho o céu mais azul, e até as coisas que saem erradas parecem mais certas. Eu vago de noite, sem amarras. Cidadão de mim. Todo repleto de razões. Leve de emoções. Livre. Desatado, solto, nú e assim, percebendo o meu redor. Todos os sabores que sinto nas mãos. Todas as cores que sinto com paladar. Tantos toques que percebo no olhar. E nessas travessias de pedra, meu rastro pode ser ocupado por volúpia, por formas, desenvolturas. Mas esse espelho explodindo de egos e certezas hoje me mostra que nenhum outro passo deixara meu cheiro. Que nenhum músculo fará o meu som. Que nenhum conto de fadas parecerá com a minha ilusão. Com nada. E com tudo isso que hoje distribuo por ai em doses de romances e obscenidades. Que só se aperfeiçoa. Que embaraça e traz o inebrio. Que me faz cantar pelos poros:
Se você quer me seguir, não é seguro{...}
VAI VER SE EU TÔ LÁ NA ESQUINA,
devo estar.

Hoje eu quero sair só!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sem destino nem sensatez

A luz do Sol já está de apertar olhos. O seco das folhas se mostram. Os sinais de fumaça, os planos, os encontros, telefonemas... tal como andorinhas anunciam a estação. Breve, irá começar um silêncio, algumas questões, mordidas na boca de ansiedade e então, muito do muito que ainda está por vir. Mesmo que esteja tudo traçado a lápis, há as limitações de cada folha de papel. E das tintas que estão a manchar em tons alegres como de bandeiras, folclore, flores e cantos. Depois que o vento mover algumas areias, que o Sol bronzear mais algumas folhas, esse suor há de ser só ingrediente. E sim, eu sei como fazer as coisas erradas direito.

essa pilantragem que eu quero com você
eu tô com vontade de fazer pra te prender

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Entre o chão e os ares II

Começo a me despir do barro, do sangue. Escorro feito suor em partida de strip-poker. Desprendo-me da matéria. Vago pelo fim de tarde deixando que o vento me leve, sinto-me como uma pesada fumaça arrastada em formas abstratas e lutando para que não me transpareça. Sem olhos ainda posso enxergar um vai e vem de ondas. Desprendido posso ser o que quiser. Posso ser mar. Porque não sou ancora, não sou raiz. Flutuo navegando. O vento, recém abandonado, vem me transformar em onda. Me levanta, joga, roda. Desfaço-me em areia fofa. Do tipo que rala, que brilha dourada iluminada por Rá. Posso ser toda as pegadas desse chão. Posso evaporar. Posso voltar ao mar, embarcar. Esperar o vento me soprar. Não há em mim o vinculo dos comuns. Não há ninguém o direito qualquer de mim. Posso escolher entre todas as opções, mas não sou o tipo que espera na areia dourada o raso me afundar.

...na bubuia eu vou ♪'

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Maçãs vermelhas cortadas

Mais de perto. Imã. Feito feitiço pagão em maçãs vermelhas cortadas horizontalmente. Como o que há em 'acaso' em letras dos Hermanos. O que é melhor é o que há de mais fraco em mim. Com os sacrifícios necessários sendo pagos em parcelas minúsculas de grandes e esperadas distâncias. Das tintas e dos olhos que mudam de cor. Do muito que agora me sobra. Acreditem em minhas linhas - não é porque elas são melhores e reais. É porque são minhas. Podem tê-las, mas não possui-las. E, como são meus os traços, escolho as exceções pra minhas regras. E é dessas escolhas cortadas por adagas e mergulhas em mel que estou falando. Só pra deixar claro. É tudo aquilo das mãos, a lenda das pernas e aquelas coisas no estômago. Só que mais quente, aquecido como o que a gente põe por baixo da terra. Bem melhor.


me dê uma noite, um pouco da manhã


Volver II

O café me tirou o sono. A noite me levou ao passado. Voltei. Mas não era eu naquelas lembranças. Acumulei tanto de lá pra cá. Pude sentir o mesmo pecado febril , passear por tabuleiros , renda e couro , incomuns , pegar vidas , entidades do tempo , o fogo , o chão de madeira , a insônia , da vida boa , do que deixaram , a cor , as cartas , amantes , o sonho , amor , da real inspiração da música , da perfeição , dos minutos , deliciosos planos , dos lances , de 180 graus , de peito aberto , ou do que realmente estava a voltar . E não podia pular uma noite escura em campo aberto e com direito à fuga. É, fiz questão de ser nesse lugar. Nem os dias seguintes. Sem deixar de lembrar os cabelos mais longos. Da chuva, do pôr-do-sol, da volta pra casa. Chocolates. De parar no sinal. De 232 mensagens. Da varanda. Ou da vez do lounge. Do ilê. Das desculpas de ida ao banheiro. Tequila. De não seguir as ordens da tatuagem. Da roda e da poeira. Do alto e do cheiro de gasolina. Dos fogos, praia. Da primeira, da melhor e de todas as vezes que a saudade foi morta. Da vez que o relógio disse que era sábado. Do resto do sábado. Da ida ao consultório. Do jantar com a familia. De uns 30 segundos do blues do djavan. Da rua de trás. Da coca-cola na cozinha. Da foto que só podia existir trancada. Das duas horas no ônibus...
É, os dedos cansam na quantidade. Pobres, deixariam de existir na qualidade.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

bailar ♫


If you wanna just SCREAM
- scream your lungs out -
If you wanna just cry
- cry your eyes out -

I’mma do my thing
(that’s what I’m about)
You can cry your eyes out of your head

Baby, baby: I don’t care, I don’t care I don’t care I don’t care...
You can cry cry cry again again again

My face’s like a mannequin ♪'

domingo, 15 de novembro de 2009

Resta um

Hoje não há impulsos nervosos que levem minha matéria a encarar-se num espelho. Sei de tudo que está mim, absolutamente consciente, mas, não vejo o porque da auto-flagelação. As manchas que vejo em pálpebras fechadas formam um passado que por todo se envergonharia do agora. Mais um lamento. Não há ombros, vergonha ou coragem. Repleto vazio na palma da mão que teve que ser aberta pra que escorresse as mais belas cores que povoavam sonhos da época de menino. Enxerguei valor e não gerânios. Caí no sacrifício desnecessário. E esses olhos, que por um tempo desviarão de seus reflexo em superfície qualquer, fecham-se molhados. Resta agora o belo em dourado quando estes se abrirem amanhã. Mas de quê me serve?

sábado, 14 de novembro de 2009

Inquieto ponteiro

Veste-se de mim e me invade. Um não entender de tantos que cegas de teu querer. Se procurasse essa antiga marca nas minha recentes palavras, com a atenção de olhos desconhecidos, viria que não há nada para colher aqui. Sei que do muito que percorri não entreguei meu tempo à cores que eu mesmo quis criar pra que parecesse mais vivida a minha trilha. Não me vejo nem um pouco errado a cada vez que senti ponteiros trabalharem e fiz disso oportunidades. Daqui só vejo orgulho em toda a minha verdade. Em meu não-personagem. Em meu corpo não ser marionete de rancor algum. Ando confuso de tão repleto. Só há um vazio que só a novidade vai preencher. Feche os olhos e continue tateando a vida ao redor - só está se aproximando do ridículo. Sei é do tanto que colecionei, que não dá pra contar. Dá pra sentir. Pertencente de amor e purezas obscenas. Cara limpa.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O que lhe vale

Chega um dia, desses que nos debruçamos na janela e a paisagem parece desaparecer ofuscada por pensamentos, e vemos do que cansamos e do que valeu a pena. A brisa que aqui sopra traz a melancolia quase necessária nesses momentos. E então o pensamento nos volta para o que nos deu suspiros tensos de ansiedade nos últimos dias. Estranho que agora isso parece tão menor e desbotado. E nesses dias, os dias de suspiros tensos, dia em que todo lugar que nos debruçamos pareciam com a janela da espera, o tempo dedicado a agonia nos serve para de distinção de tudo aquilo que realmente nos vale. Que tenho certeza que é tanto que nem nos lembramos mais de todo 'resto'. É como o gnomo que sai do ponto cego de nossa visão na janela e percorre uma trilha pelo jardim. Adianta, de inicio, olhar o mapa, apegar-se no que busca. Mas logo há pedras, frutos e seres novos pelo caminho. Logo deixamos o mapa cair nessa trilha, pra que sobre espaço pra carregar consigo um pouco do que de novo há. Vagarosamente criamos pequenos desvios, colecionamos o que há neles. Não importando se é bom ou ruim. Como o caminho do principezinho até a terra, e o valor maior ao B-612 em seu retorno. Como a busca pelo significado do Rosebud do Kane. Há de servir todo peso nessa bagagem. E nas surpresas de toda tragetória o que lhe vale é o que agora te resta na bagagem.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Volver

Num intervalo de minhas palavras, num tempo tomado por pensamentos, embarco numa volta ao básico, a comparações, a promessas, marcas e barreiras. Poderia destrinchar cada uma dessas coisas que agora me vem em flashs numa tentativa de explicar o que me passa nestes últimos intervalos de ensurdecedor silêncio - mas não acho necessário. Quem sabe ainda, estes 'tópicos' de pensamentos não façam parte de uma coisa só. E acho que é. Não vejo as últimas barreiras como presságio, eu só vejo um passado. De olhos quase virados, um pouco lacrimejados e um tanto irritados, faço de alguns sentimentos objetos de prateleira. Os comparo, defino, limito. Ainda que ache em Wilde a verdade de que 'há sempre um quê de ridículo nas emoções das pessoas que deixamos de amar', não falo de algo tão forte, nem tão pouco me refiro as carapulsas que a frase há de colocar. Eu voltei àqueles dias em ouvia as belas palavras, olhava à lua pela janela. Em neblina, fumaças, eu brilhava mais que ela para alguém. No dia em que cansei - sem motivos aparente pois corações não são como fios de rede eletrica - construi tais muros, pintei em lágrimas de tons fortes demarcações no chão. E te pego me pondo no mesmo embalo. Voltei. Ainda com o mesmo cenário, único permenescente no espetáculo. Não és peso algum à minha razão. Mas não só disso que vivo. Entre inumeros dos itens que comletariam a minha ridicula lista de sobrevivência eu só sei que não há a palavra 'explicação' escrita por lá. Que entre nossos tempos tão distântes não deixei a sensação de 'retornar'. É o que desejo. O que não sei se posso evitar. E que essa pele nova possa completar a minha. Que esse sentimento velho não me faça retroceder.

vivir
con el alma aferrada
a un dulce recuerdo
que lloro otra vez

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Boomerangue

...gastei tanta palavra por gastar, agora as pobres tentam se salvar ♪'

As palavras, inadequadamente sinceras, saem de mim. Desfilam vestidas de vocabulários, acessórios de girias, e se lançam num lugar não-pertencente de sua verdade. O não saber lidar do mundo com o que exprimo, cuspo, falo. E a culpa deve sim ser toda da emissão, de quem atirou o que era demais no que não lhe cabia. Minha. Sou eu que engulo as palavras que eu mesmo falo. De alguma forma - qualquer uma de tantas - lançam de volta, assim, pra mim. Eu não posso e nem quero controlar. Em falas, em textos, mensagens de texto, sinais de fumaça. É um dom de fluir. Uma sina. Algo sobre histórias e seus pontos finais. Um não entender rasgando velhas imagens para que tudo que devo exprimir seja então destacado. E agora, não falo de enganos do passado, de aventuras quase recentes, nem do dito que me levou a cama e que me acordou lindamente essa manhã. Refiro tão e só a mim. À todos os meus devaneios, todos os meus corações, todas as minhas gotas de saliva perdidas/gastas em todo verbo que devo parir.

Desperadamente eu grito em português {...}
Eu quero que esse canto torto feito faca corte a carne de vocês '

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Governamental


Lembro-me bem dos muros de antipatia que criava em torno de mim afim de aprisiornar-me em tudo que só a mim interessava. As cores, o agito e os sorrisos não existiam lá do outro lado. Eram discussões num total branco e preto. Não pude, em toda a minha essência, aprisionar-me num individualismo infantil quand0 todas variações – ainda em mono cor – me atingiram e acenaram com mais veemência do meu futuro pertencente total ao outro lado do muro. O outro, o desconhecido, passou a fazer parte da calçada. Mundo mostrando-me assim maior – e muito mais ruim – que todos os pés descalços que me alegravam-se nos paralelepipedos da rua 'H'e 'E'. Abrir os olhos não foi uma experiência tão dolorida quanto pra maioria. Sim, 'maioria' finalmente tornou-se uma palavra em meu vocabulário. Quando vi que mudanças benéficas não poderiam acontecer a mim e a minha nova palavra amarrei uma venda em meus olhos. Não tão diferentes daquelas paredes. Mas há caminhos tão variados e sutis para as mesmas coisas. Sutilmente, feito o embalo de alguns sambas, feito o estribilho de algumas letras, com a sabedoria de alguns ídolos, percebi que adentrava todo um dicionário, de procuras eternas por significados, pelos ouvidos. Sem filtro, aquilo passava por algum tipo de processo dentro mim e escapava-me pela boca. Ainda escapa. O hoje e agora em colunas feitas de palavras começou a funcionar como as cartas de tarot. Como uma ideia que poderia trabalhar em minha mente sem dissociar meu ego daquela minha primeira importante palavra com 'M'. A total desilusão governamental cobriu todos os pés de todas minhas ruas. Seria um nova onda ou puro efeito das idades que encurtavam suas pontes entre seus números? Sei agora que tenho mais o que pensar além da resposta pra essa pergunta. Falando no presente, encontrei na mono cor um - erroneamente chamado por muitos - mono tema. Sustentabilidade agora é uma palavra que veste saias e enfeita-se com colar de sementes. Mostrou a mim que os pés descalços da minha 'maioria' pisavam em terra fértil de ouro marrom. Que não ficariam muito tempo equilibrados ali se uma lama de gana e fios inunda-se ainda mais o que nos serve de sustento. Há uma nova cor além de preto, branco e o – já desbotado – vermelho. Há no meu dicionário há uma palavra chamada 'verde' que não se diferencia das cores daquelas ruas antigas, já citadas, nem mesmo do meu sentimento ganho ao olhar todos que transitavam nas calçadas. Posso notar agora que a venda que pus nos olhos, não é tão diferente daquela existente em estátuas em frente a fóruns. Que o governamentalismo derrubou o meu muro tal como o que caiu em 8 de novembro de 1989. Esse tombo foi causado à marretadas de consciência que sozinho posso fazer algo, posso fazer justiça, posso criar novos daqueles círculos. Que fechar os olhos não impede os ouvidos de funcionarem, a boca de mover-se, o coração de fazer algo além de bombear sangue, nem a derme de arrepiar-se. Vi que posso por vendas e que elas não impedem o todo de injetar em minhas veias um sentimento profundo que há de correr mundo como pulsar de conversas politicas em mesas de bar.

sábado, 31 de outubro de 2009

Claro/Escuro


Melhor esquecer. Já vi a luz o suficiente. Quero ver amanhã - claridade, calor, cimento e pedra! Daí então parte de mim as palavras desesperançosas, nada melódicas - como tudo que vem de mim não é - que faz desacreditarem em toda poesia que transpiro. É isso que, talvez, queira exalar. Estranho em mim mais que à qualquer pessoa. E quero acordar amanhã e não pensar assim, mas me conhecendo em todos os meus silêncios e barulhos sei porque faço assim. Barreiras do 'melhor assim' que brotam em mim. Como cicatrizantes em troncos de árvores. Sem, quem sabe, querer. E num revezamento de claro e escuro o tempo e oportunidade passam. Nada mais comum que isso na vida. Tudo sem querer parecer o 'melódico' já citado, apesar da música e das gotas na janela. E não, eu nunca esqueço.


Não pode


... pedir lo eterno a un simple mortal ♪'
Y andar arrojando a los cerdos miles de perlas
La tortura - Shakira

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Peito Aberto

Falando assim de corações e de receios. Falando pra mim de beleza, do tipo derramada em cestas e distribuídas em porções à ti. O impossível não foi suficiente pra inibir a falta. Mais que saudade. Mais que. Ponto. Em toda prosa, inundada de sorrisos, cita pra mim uma barreira. Obstáculo de tempo, a maior de nossas distâncias. De diferentes quereres. Um pouco mais fraca que toda nossa adoração é vontade do botão reset. Quem dera essa alegria não fizesse parte de mim; assim, toda falta, querer, desejo e poesia não atormentasse meus sonhos antes mesmo de pegar no sono sob o travesseiro. Quem dera papear assim em mesa bar. Como é coisa de outro mundo poder esquecer tantos dizeres destes e te segurar a zero de distância de mim. Sim, a forma não é racional. Não há moldes, medidas. É tudo sentimentalmente complicado. Mas não são palavras dedicadas à impecilios. São só
receios internos.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A novidade

Acena lá de longe. Mostra que sempre esteve por perto. E então, como uma recém descoberta porta em finitas paredes, aparece. Como que envolta numa caixa, das mais belas, fazendo abrir um sorriso sem nem sequer ter aberto a caixa. Estranhas perfeições - há de ser só um trauma. Deliciosamente envolventes. Assim, plurais. Sou um ou dois tablados, anúncio em branco. Sou aquela cara de surpresa pós expectativa. Sou inteiro proveito pra essa nova. Preenchendo todos os atributos, manda avisar que o recado foi dado. A novidade chegou.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Sem ilusão; Sem nostalgia

"A única diferença entre um capricho e uma paixão eterna, é que o capricho dura um pouco mais" Oscar Wilde
Picotando velhos papéis não pude conter um riso frouxo. Transformado o velho fogo em cinzas. Bobagens. Obrigando-me a concordar que os melhores tempos são os que não passam de uma noite. Eu não pude corresponder os escritos por diversas vezes. Me sinto bem por isso, de certa forma. Besteiras. Fui num jogo onde julgaram a presença, sentimento. Onde julgaram haver vidas em minha vida. Agora tudo acabou em pedaços, num cesto de lixo. Deixando novos espaços.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

eco

Meu físico começa a espelhar o que se passa dentro de mim. Meu ar, pesado, mostra parte do meu ressentimento; dividindo narinas com o medo - escondido. Os olhos marcados pelo que tira o meu sono, pelos meus sonhos, minhas flores. Os dentes rangem pelo eco que dão às minhas palavras. Minha boca saliva pelas lembranças. Meu sangue pulsa mais rápido quando a mente passeia num futuro. As pernas balançam numa ansiedade por tudo que o ouvido tem pra escutar, mas que esta aprisionado num mistério e trancado pelo medo de ouvir.
As minhas palavras andam imponentes, as decisões - dizem seguras - como dedo indicador em riste. É que aquele olhar para baixo, depois que se vira pro outro lado da cama, tão comum pra alguns, como eu, andam escondidos. Mas não deixam de existir. De consumir. De pedir abrigo. Cabanas, braços.
E o sorriso é o mesmo, mesmo que vida diga não. E ela nem disse isso.

su luz fugaz
alumbrando desde otro tiempo,
una hoja lejana que lleva y que trae el viento.
eco, eco...
ocupando de a poco el espacio
de mi abrazo hueco

Quem vai quebrar?

Escrito por Paulo Coelho

O Grande Mestre e o Guardião dividiam a administração de um mosteiro zen. Certo dia, o Guardião morreu e foi preciso substituí-lo. O Grande Mestre reuniu todos os discípulos para escolher quem teria a honra de trabalhar diretamente ao seu lado.

“Vou apresentar um problema”, disse o Grande Mestre. “E aquele que o resolver primeiro, será o novo Guardião do templo”.

Terminado o seu curtíssimo discurso, colocou um banquinho no centro da sala. Em cima estava um vaso de porcelana caríssimo, com uma rosa vermelha a enfeitá-lo. “Eis o problema”, disse o Grande Mestre.

Os discípulos contemplavam, perplexos, o que viam: os desenhos sofisticados e raros da porcelana, a frescura e a elegância da flor. O que representava aquilo? O que fazer? Qual seria o enigma?

Depois de alguns minutos, um dos discípulos levantou-se, olhou o mestre e os alunos a sua volta. Depois, caminhou resolutamente até o vaso, e atirou-o no chão, destruíndo-o.

“Você é o novo Guardião”, disse o Grande Mestre para o aluno. Assim que ele voltou ao seu lugar, explicou: “Eu fui bem claro: disse que vocês estavam diante de um problema. Não importa quão belo e fascinante seja, um problema tem que ser eliminado”.

“Um problema é um problema; pode ser um vaso de porcelana muito raro, um lindo amor que já não faz mais sentido, um caminho que precisa ser abandonado - mas que insistimos em percorrê-lo porque nos traz conforto”, disse. “Só existe uma maneira de lidar com um problema: atacando-o de frente”.

“Nessas horas, não se pode ter piedade, nem ser tentado pelo lado fascinante que qualquer conflito carrega consigo”.

sábado, 10 de outubro de 2009

Pela lei natural dos encontros

Isso tudo é apenas o modo diferente como vemos as coisas. Uma visão difícil de tudo que passa aos seus olhos. Não é que eu tenha terminado com todo aquele sentimento - mas incomoda quando diz que não os tenho. Há algo mais repleto em mim que ofusca sua cartilha e é ai que você - erro - reage. Não adianta me por em chamadas, em blêfes, suposições e retaliações. Não há espaço pra sua experiência em meus planos. Não mora em mim nem um terço de seu medo e seu credo. O que é real pra mim eu não posso tocar. Isso é essência e não se pode tirar. Serei ausência em sua roda, seu futuro e no, precocemente dito, amor. Algo que você provou não saber o que é, eu falo de liberdade. Falo sobre coisas que eu amo e que desse caminho não devo me retirar.


Don’t tell me that my masterplan
Ain't coming through
Don't tell me that I won't
I will

Don't tell me cause I know what's real
What I can do

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Outra maneira

Talvez um dia eu peça desculpas. Quem sabe eu deixe de errar. Mas se esses erros fazem parte de mim, se deixa-los, deixarei a mim? Um dia contarei uma história de vasos caros e rosas, mas, sinceramente, não vão entender. Acho que preciso fazer um corte. Daqueles que muitos fazem um dia. Se fosse como me porto nos bares e brigas por ai - tão tenaz - não faria textos de refúgios como esse. E quando eu não estou errado? Talvez eu não deveria dar sangue pelas minhas razões, mas que tipo de homem eu seria dessa maneira? Talvez o cansaço agora tenha invadido o modo como escrevo, derrubados algumas barreiras que crio. Fiquei assim. Ah, quem sabe, um dia, eu pare falar de mais de uma coisa em tudo que escrevo. Eu não sei. Talvez deva parar por aqui...
Ah, eu amo errar, baby!

sábado, 3 de outubro de 2009

180º

É como me disseram, certas coisas acontecem quase todos os dias. Outras, uma vez na vida. Assim eu não pude ver o Sol se pôr - mesmo sabendo que isso acontecia para onde meus olhos estavam direcionados. Uma coisa boa ao pé do ouvido. Mas um contrato assinado. A minha lista de desejos andava curta, mas repleta de duas ou 3 coisas. A noite caiu tão rápido quanto as nossas histórias de amor mais longas lembradas depois de um fim trágico. Meu jeans escapou sem manchas. A bebida agitava-se no copo. E ela parecia mais forte e intensa que das outras vezes. Mais brilhante. Mais vermelha. O álcool corria com mais combustão que paixões platônicas dessa que a gente, por vezes, confundi com amor. Um misto de maldade e inocência. Seco e suave. Sonho e últimas alternativas. A boca ganhava tons vermelho forte. Suor e pingos d'água. Espelhos. Fumaças. Um som diferent3. Um não-reconhecer do caminho que trilhou com tanta vontade. A maior de todas as satisfações gritadas ao pé deste ouvido. Como ter as coisas mais certas e não poder sentir-las em suas mãos nesta manhã.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Lances

O barulho lá de baixo é no que me concentro. Tento desviar os meus pensamentos. Desviar do toque do celular. De tudo que deveria falar. De paixões de dez dias. De namoros de trinta. Lances obscenos e castos. Deveria me encarar nesse espelho de feito de 'vergonha na cara'. Me enxergar no refrão do jazz que cantarolei nos últimos tempos. Eu deveria me arrepender do 'sim' no 'apagar todas?'. Não posso me ver numa roupagem dos comuns. Não há de ser eu no retrato de quem responde à questionarios, de quem divulga seu querer como troféu, de quem suporta ir dormir com o fôlego perdido como de quem foge sem ter cometido crime algum.
Me vejo como peças montadas. Peças de problemas, de encrencas, de carência, de romance, de nostalgia ... Pouco proveito. Com ar pesado de quem por tudo passou. Com os olhos de quem não conhece nada na vida. Controverso. Apaixonado. Odiado e desmerecedor. Com os dedos a deslizar no ritmo daquelas velhas melodias. É viver sem se reconhecer na própria sombra. Com a laringe murmurando o ritmo. Não sou um cara bom. Até a boca abrir e cantar aquele refrão.
param pam pam pam pam ♪'

I've never looked for trouble
But I've never ran
I don't take no orders
From no kind of man

I'm only made out
Of flesh, blood and bone
param pam pam pam pam ♪'
I'm evil, evil, evil, as can be {...}

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Procure no mapa

Eu não estou aqui! Se procuram por mim não vão me achar escondido ou descrito em palavras. Não estou no que falo depois de umas doses de conhaque nem no que dizem minhas mensagens. O que faço não está em 140 caracteres nem no retrato mais comentado. Não estou em tudo digo, não sou o que ouço, nem o que me aplico. Não tem nada de mim nem nas repostas que me dão por aí. Eu me vejo numa soma de vários em relação a várias pessoas. Não vão catar todos os pedaços. Não vão aprisiona-los. Não há de ser limitado. Não procurem por mim nesse caminho.
{...}

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Categoricamente

Há manuais de instruções pendurados em meu pescoço. Há respostas e minhas fortes opiniões em minhas pausas, interstícios. Há do outro lado, um filtro repleto de deturpação. A velhinha cheia de razão que passa na calçada furiosa com o neto e diz 'as pessoas só ouvem o que querem ouvir'. Há nessas ruas importantes delimitações. Inúmeros avisos. E constantes invasões. Há escrito em minha pele tudo de mim e quem sou. Ainda que em letras garrafais eu ainda não conheço quem me conheça.
E tudo tem mesmo seu lado bom.

{...}a minha pele tem o fogo do juízo final ♪'

sábado, 19 de setembro de 2009

Coreograficamente

Imaginei que as gotas que caiam em queda d'água sobre mim não fossem feitas de duas ou três moléculas. Que o tecido que cobre o travesseiro não fosse morto. Que o som que ouvia não vinha só e só de minha mente. Que de real, entre esses dois mundos, só a luz da lua e o toque de uma mão. Sem vermelhidão à pele que sonhou e que agora acorda querendo que asas brotem de alguns poros. Só o atrito de lençol e lençol. Lençol e pele. E só o tempo - não asas - fará esse passeio à lugares onde possamos estar fora de controle. Me notei da cabeça aos pés como não me pertencendo. Objeto estranho não identificado. Pertencente total de um lugar desconhecido. Abrindo as cortinas para ter do escuro à resposta que asas só eu mesmo posso criar. E no flerte com a metáfora percebo a conta que imaginação pode tomar - ainda mais sendo da Lua a única luz. Eu estou em mim. Repleto. Porque de alguém aqui, só futuro. Abro a janela e fecho-me para o mundo. Por enquanto. A brisa traz o arrepio obsceno. A última parte que faltava. De vocês a ausência, mas eu estou aqui. Corpo e mente. Aperfeiçoadamente. Estou aprendendo sobre asas, sobre texturas mortas e como lidar com elas. Sobre espera. Sobre essa noite que não quero explicar. Aprender a não definir as coisas para que elas nos sejam ilimitadas. Feito o obsceno.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Mudo.


Não há ninguém em mim. Arranhões na porta, vestígios de jeans nas cercas. Mas nada completo. Nada de tragédias inglesas e dramas banais. É uma dose mais forte. Lenta. É quando morre em mim o sonho compartilhado. É quando me calo. Vejo, ao olhar o espelho, que não tenho o que dizer só e simplesmente porque não há mais nada para falar. Surge como doença, não característica, uma aversão à repetição, repetição, repetição, repetição. Um breve pavor ao perceber os primeiros calafrios aonde morava o calor. Eu não mudei nos últimos quatro ou cinco portos que parei. Eu deixei avisos escritos à suor em pele morena. Deixei meu silêncio em resposta aos demais estribilhos. Não há nada que me faça errado, e não é disso que eu vivo.


...I'm only made out of flesh, blood and bone...♫ ♪

Eu não sei quem escreveu

"Já passamos muitas aflições, também jogamos 'tudo ou nada' e não foi bom. Já nos despedimos, mas depois só sentimos pena de nós dois. Que somos assim, já sabemos de cor, lamentamos muito por não ter realizado algo maior ou bem melhor {...} Eu, você - juntos na vida outra vez. Mas não dói, não. Só vim pra dar parabéns. Sim, parabéns pra nós, os passionais. Que, também como nós, se vão, voltam atrás. Que, assim como nós, não têm paz. Parabéns para nós, irracionais. Parabéns para nós, sem rivais. Parabéns para nós, parceiros infernais."
_________
j'adore

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

2

Una canción que dice que uno sólo conserva lo que no amarra


Hay tantas cosas
Yo sólo preciso dos...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Feito outra oração de boêmios

Não estava lá quando lua dançou nas margens do vinho no copo. Não esteve quando o orgulho teve que superar a dor. Nem da vez que precisava dizer-te elogios. Os traiu. Fechou os olhos quando o Sol pedia companhias e até quando Ilê passou. Não estava lá quando pra dar suas exclamações em meio a tantas interrogações. Não pode estar quando havia lagrimas, e quando havia sangue. Tão pouco quando havia completa alegria. Copos e alguns brindes. Não podia me falar de rumos. Não pode aprender as letras das novas canções. Não esteve lá pra cumprir promessas. Não esteve presente nos novos planos. Não esteve em algumas das novas rodas. Não quis ouvir. Não estava lá pra dividir, ouvir e falar. Falar. Perdestes o significado de algumas - vitais - palavras. E se de ninguém é a culpa, só me restam essas palavras. Palavra do tipo ditas em mesa de bar. E que daqui não saia.

sábado, 22 de agosto de 2009

Som alto e café

Respirei fundo e decidi dar a mão a uma brincadeira do acaso. Agora estou aqui sentado, som alto e café. Plenamente realizado por ter achado sentido pra que levantasse daquela cama. Refletindo aos olhos a luz das últimas manhãs. Correndo a mão nessas palavras.
E desconhece do relógio o velho futuro.
O tempo escorre num piscar de olhos.
E dura muito além dos nossos sonhos mais puros ♫'

O que tenho do futuro são só lembranças. Não traço seus riscos em cores. Não garanto pra mim a próxima manhã, muito menos a próxima colheita. Existe um amanhã só em verso ou em corpo. E, vejo que se tivéssemos certeza de como vai ser o futuro, o agora jamais não teria a mínima graça.

Bom é não saber o quanto a vida dura.
Ou se estarei aqui na primavera futura.
Posso brincar de eternidade agora.
Sem culpa nenhuma ♪'

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Quinze minutos e tanto

Quinze minutos e tanto pra ouvir o que esperei pelo últimos dias. Pra voltar à cena, o vermelho, o som, até o sabor. Fico pensando em como quando corrigimos nossos atos. Esperamos, vamos àquele mundo só nosso, nos culpamos, e então, corrigimos. Fiz muito isso. Penso que temos que encurtar o espaço de tempo entre o ato e a correção. Tive medo de não dar tempo. Tive medo que minha cabeça desse fim a uma história. Se demorasse mais... Então, 'encurtar'. Pode não dar mais tempo. Deu vontade sair por aí, de meias, gritando 'pode não dar tempo, apressem-se!'. Já vi tantas vezes cair o último grão da ampulheta. Vi de todos os ângulos. Sim. Desfazer, falar, contar, perdoar, procurar, entender. Pensei em como iria viver daqui pra frente sem esses quinze minutos e tanto. Tanto. Apressem-se, pode não dar tempo!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Estranho

Não gostei do que vi nesse espelho hoje. Não falo de ter esquecido a benzoíla, ou coisa do tipo. Vi o retrato de alguém que, com todo senso que lhe fora obrigado a aprender, não gosta de perder o controle. De alguém que acorda com palavras de amor na cabeça, que dorme traindo a companhia mais fiel na cama - o travesseiro. A imagem que vi, de prazer, não me agrada. Não era pra ser assim. Mas é. Imerso nisso. Completo e constante. E em troca, a face na superfície mostra marcas. Marcas de não ser entendido. De não darem devido valor ao seu - automático - esforço. Do máximo que pode entregar não ser suficiente. De tolerar frases de almanaque. Mas vai passar. Não vai?

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Feito oração de boêmios

Quando a tarde parecia fervilhar as costas num incomodo no sofá. Quando as falas mau dubladas do filme já tinham sido ouvidas. Quando reclamava do Sol. Da sede. Quando reclamava da vida. Quando se tinha o que fazer. Quando não havia nada pra fazer. Daquela vez que a vontade era só beber. Quando só tinha moedas. Quando não se tinha com o que gastar. Quando teve motivo pra comemorar. Até quando reclamava dizendo falsos os motivos pra chorar. Estava lá. Tudo no devido lugar. Feito amparo. Feito oração de boêmios. Teve a vez que era só pra dar risada. Teve aquela de não abrir a boca. E o dia da mentira, da cerveja, do fumo. Dia de briga até. E teve esse dia, agora, o dia que nem me lembro mais...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Aminésia

Tinha planos pra escrever. Mas a música me fez esquecer. Tinha planos do que escrever, e acho que procurei algo pra que pudesse esquecer. Talvez eu não queira mesmo dizer. Quem sabe. Poderia arrumar metáforas ou usar palavras em codificações tão comuns por aqui, mas os entenderes são tantos a quem pertence e não. Mas a música tocou. Ela tocou.

Nem tudo que reluz corrompe
Nem tudo que é bonito aparenta
Nem tudo que é infalível se aguenta

Nem tudo que ilude mente
Nem tudo que é gostoso tá quente
Nem tudo que se encaixa é pra sempre

{...}

Nem tudo que acaba aqui
Deixa de ser infinito

/távazio


segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Amarela

Os números no calendário foram riscados pelas ansiedades e marcados pela demora que tiveram em passar. Não falo de duas ou três semanas, mas sim, de 18 ou 19 anos. Tão bom conhecer os novos territórios, outros gostos e as pedras das ruas que andei e não prestei a minima atenção. Novos e animados personagens surgiram na sinopse de uma vida comum, consolidado num dia de brinde aos devaneios do Destino, em algumas músicas, algumas frases, em samba e amor até mais tarde.

Se não estou no paraíso, estou bem perto de chegar ♪'

De tudo que aprendi com os donos do bar [i said no, no, no], de todos os despertares lembrando-me do velho vicio de sonhar [é pra não ter recaída, que não me deixo esquecer], vi que, agora, só a sorte decidirá. E hoje, volto a morar nas lembranças, mas ela são outras, guardadas numa caixa diferentes das caixas da indiferença, essa está num lugar mais pulsante, cheia de ritmo e vermelho. Guardada com todos os meus sentidos, inclusive, os que só descobri agora [o sexto, sétimo, oitavo ...]. Bons ventos que sopram na varanda amarela. É isso que Paixão, Child!


Tu es ma came

A toi tous mes soupirs, mes poèmes
Pour toi toutes mes prières sous la lune
A toi ma disgrâce et ma fortune

{...} e não tenho a quem prestar satisfação '

domingo, 2 de agosto de 2009

É, me esqueci da luz da cozinha acesa

Um dia coloquei atrás da porta do quarto o desenho de uma caixa. Com dois, ou três furos. Absolutamente idêntica a aquarela do meu livro favorito. No livro, um carneiro dormia ali dentro. O dono do carneiro pedia pra enxergar as coisas com o coração. Que havia mais coisas no mundo do que números. Eu coloquei aquele desenho ali pra todo dia olhar e ver um carneiro dormindo através dele. E quando não visse mais, teria me tornado como todos os outros. Talvez tenha perdido a fé. E ali seja só o desenho de um caixa '
Meu ca em pó solúvel
Minha fé deu

Minha
em pó solúvel




domingo, 26 de julho de 2009

O segundo


Pego-me na necessidade de voltar a falar do tempo. Pra ser mais sincero no presente. Vejo que não é possível falar – ou até mesmo viver – este, sem que o passado e o futuro sejam, consciente ou inconsciemente, citados. A cada atitude do presente contabilizamos às suas consequências posteriores. E, parando pra olhar o passado, o presente é resultado do que contabilizamos no ontem. Então, saio da terceira e fria pessoa pra falar na primeira e sonhadora. O futuro me visitou hoje. Ele veio coberto de palavras bonitas nunca pronunciadas em idioma algum. O tipo de coisas que se diz em silêncio. E na sua outra face trouxe todos os anseios, medos, perspectivas e a grande possibilidade de um dia, novamente, eu - infelizmente - acordar. É como se essa visita fosse apenas um cenário, sem corpo ou almas humanas. O cenário é o grande palco deste sonho. Posso imaginar toda a plateia ou até mesmo quem estará debaixo do meu foco de iluminação. Sem saber se haverá comédia, romance ou tragédia. Desta última nos lembramos mais. Daí o medo de abrir os novos contos e a vontade racional de fechar à porta na cara do futuro que veio a visita.
Detesto esse meu lado racional. O oposto também me dá medo. Vi com este primeiro que de nada adianta voar sem saber pra onde. Mas com o segundo me sinto tentado a alçar o voo mesmo assim. É com o lado lógico persistindo no futuro que não se faz do presente algo completo. Mas estou repleto de você. Da cabeça aos pés.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Sweet Dreams - Parte II

Forçar a mente pra que seus sonhos de infância voltem é uma tentativa vã de resgatar algo que você não é mais. A vida colore - as vezes mancha - a folha em branco que é você quando nasce. O mundo ao redor daquela criança muda mais do que ela mesma. As coisas parecem mais difíceis agora, mesmo que no fundo você saiba que são as mesmas. 'Criança, a vida é fácil' - diz a música. A frase não tem sentido algum se a sua primeira palavra for retirada. A sabedoria é algo que você perde, não adquire. Sábios são os que mantém os pensamentos que vieram consigo. Não os que colocam numa bagagem seus erros e acham só um nome pra bonito pra isso. Se oferecer a face pra vida dar porrada é sabedoria os grandes gênios seriam prostituídos, falidos, doentes, mendigos... espera, eles são!? Quando você desistir de procurar um motivo que te leve pra cama, e que, principalmente, te faça a levantar dela no outro dia, é algo que aparece quando cansamos de procurar. Tiros no escuro, medo de sofrimentos, coisas assim fazem até você sentir falta da época em que você ia se deitar descrente de bons sonhos. Mas o Destino - sim, letra maiúscula - brinca com sua cara. Te põe nariz de palhaço. Te faz brincar de ser feliz. E então, quando desiste, volta a sonhar. Doces sonhos. Dos que te absorvem. Não mais você os absorve. Seria uma comédia se nossa vida fosse o 'show de truman', um drama se fosse uma peça grega, mas na vida real são apenas doces ilusões passageiras. Seria mais sublime se dos sonhos que vivemos acordados pudéssemos despertar. São passageiros e, contraditoriamente, levam um pouco de nós e deixam um pouco si. Falar de nada adianta. Paro por aqui. Feche os olhos, sonhe com um sonho. Use-o até que ele use você. E então, se mova.
À noite sonhei contigo,
E não tava dormindo!
Justo ao contrário,
Estava bem desperto...
{...}
Quem dera me livrar
Pra sempre de mim mesmo!
E só me reencontrar
Lá no teu doce abismo ♪'

domingo, 12 de julho de 2009

Alguma cidade submersa


Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
{...}

Futuros amantes, quiçá ♪
~
you know, i'm no good

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Subo o rio no contra-fluxo à margem da loucura

Os planos foram abandonados e deixei que eles me levassem - como faz o capitão de um navio naufragado. O aniversário, sem significados. Os amores, sem telefones. Parece que algum Deus parou o trabalho de traçar destinos pra tomar um café e esqueceu de continuar com certas linhas. Mas o som, ah, o som, esse nunca perde o embalo.


sábado, 4 de julho de 2009

Sweet dreams


Apertei as pálpebras e decidi sonhar. Não, não falo de dormir. Falo de concentrar no ar que respiro e tentar formular um sonho em minha mente. Era tão fácil construir esses castelos de ilusões antigamente. Agora o esforço pesa com punhados de realidade sob a missão. É como se as vontades fossem só vontades, sem elos pra formar um desejo. As imagens começam a surgir em branco e preto, formas soltas, verbos, desenhos, anos e anos. Nada pra dar a liga desses quereres. Não há nada em mim que forme um sonho. Sem tapetes voadores quanto mais lâmpadas e gênios. O superego pisoteia o ego e o id. Perco-me no som da respiração, e me pego na realidade. Recomeçar o exercício. Sonhar com um sonho. Tento não numerar ou listar o que me vem a cabeça como uma lista de super-mercado. É mais esforço. É como se o silêncio batesse na porta tentando quebrar a linha de raciocínio, propositalmente, nada lógico. E nessa tentativa falida o Sol nasce sem pra quê nem porque mais uma vez. E tantas vezes ele vai surgir pra nada se coisa algumaquiser de verdade. Alguém recoste minha cabeça num travesseiro de bobagens, daquelas que a gente não conta a ninguém e que pensa nelas antes de dormir. Elas se foram e levaram todos os motivos pra acordar amanhã.


Sweet dreams are made of these
Who am I to disagree?
{...}
Some of them want to abuse you
Some of them want to be abused

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ecos

Me pego só e cheio de vontade de escrever. Medo da leitura que as palavras terão. Não só da leituras das outras pessoas, mas a minha própria. Como me repudio a cada vez que leio alguns dos textos antigos, principalmente os que nunca saíram de folhas de papel. Largando os vícios, procurando (sem sucesso) por novas virtudes. Desfalcado. Completamente sem inspiração ou sem as teias que antes seguravam pesos como o da rotina. Teias cheias de som e gestos. Agora só ecos que ao menos servem pra deixar esses dias menos frios. E toda manhã parece o inicio da jornada em busca de algo que pareça interessante. Sem querer arrancar a importância de todas as estrelas que possuo (Vide Capitulo XIII - Le Petit Prince) mesmo sem possui-las, mas tirando - sim - o interesse perdido pelo monstro-cotidiano.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Do frio


As gotas já escorrem pelo lado de dentro do vidro da janela. Do lado de lá a neblina passeia e esconde o que já estava chato de se ver todos os dias. O frio chegou. Sabia que mais cedo ou mais tarde ele chegaria. Tomaria visão, atrapalharia a respiração e depois iria embora. Mas ainda não foi. O frio traz a vontade de pele; junta as pessoas que procuram por calor humano. Eu vou me enrolar nesse manto e esperar pela próxima estação. Ou alguém pode vir até aqui e trazer cor, arte e calor.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Como queimar as cartas de amor


You've got 4&20 hours
Just one day to prove to me
That your love has got the power
To make me believe
Or take me where I wanna be
Tudo poderia virar cinza. Penso que é possível. Apagar, ou diminuir. Compactar. Queimar. Então, tudo pode virar cinza. Dechavar, enrolar, fumar e acabar. Antes, não há como pular o processo de fazer a cabeça. De ser teu o pensamento. De cantarolar mantras cada vez que lembrar dos viscerais olhares. Sofrer a cada vez que lembrar do abismo que habita entre o querer e poder. O tempo perdido. O futuro desfalcado. A vontade não morta. Antes de apagar tudo, como tantas vezes fazemos na vida, as coisas ainda perpetuam um tempo no pensamento. E, nele, ainda se pode haver outras combustões.

A paixão é como Deus / Que quando quer / Me toma todo o pensamento

Dirige os meus movimentos / Meu passo é teu / Meu pulso é desse todo poderoso sentimento

sábado, 13 de junho de 2009

A nova cor


Olho para esse tal horizonte cheio de cotidianos dentro de tantas paredes e possibilidades e, ainda sim, acho tudo pequeno. Acho mesmo que falta descobrirem um som ou, quem sabe, uma nova cor. Algo que deixe o futuro mais interessante. Claro que quero fazer parte disso. Mas, não sei se estou disposto a dar os primeiros passos mais. Não mais.
Daqui tudo parece mesquinho. Quase nada parece interessante. Sei o que riscar nessa folha em branco - só não sei como. Preguiça de descobrir ou de suportar as larvas para um dia ver as borboletas. Vontade de desfazer o sorriso temporário que vem cada vez que esqueço que tenho que acordar no outro dia. E a grandeza imposta parece um fardo. Quem quer carrega-lo!?
O vento vai pra sei-lá-onde. Traz alegrias e tristezas. Eu, como ele sopro pelas ruas e pelas janelas dos quartos. Passo!
Quero estar em dois ou três lugares agora. Não sei porque, mas algo me diz que nenhum deles é o certo. Já não posso dizer que faço que gosto. Não faço nem o que tenho que fazer. Só não sei e pronto. Ponto. Isso basta pra definir o que gasto tempo. Há tempos não falo assim, em 1ª pessoa.
Tem uma imensidão em minha frente e eu quero parar.
Já não sei o que faço e, de certa forma, gosto mesmo assim.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Caetanear o que há de bom!

Sem lirismos, poesias ou meias palavras. Show de Caetano Veloso na última sexta foi a perfeição. Ao chegar horas antes já tinha na cabeça que valeria a pena. Mau sabia que momentos como aquele faz você dizer 'valeu a pena viver até aqui'. Uma grande asa delta, um lindo céu no telão e um Deus no palco. O mito que enfrentou a ditadura usando as palavras como uma arma, o lendária criatura da música popular brasileira estava ali no palco. Respondendo meus apelos, sorrindo, acompanhando as músicas. A pele era de verdade, realmente existe. Tem veias e quem sabe até sangue. Tem mãe, santa, famosa e lá presente. Teve o gesto de carinho de me reconhecer. De me chamar de 'bonitinho, heim!?' outras 4 vezes, apertar minha mãe, abraçar e dizer que me viu 'agitando' o show na frente. Parou o carro, chamou pelo meu nome. E desenhou com os lábios a letra de 'Menino Deus' que cantei pra ele.
Pude agradece-lo por existir. Um Deus, um bicho, um homem.

Menino Deus, quando tua luz se acenda
a minha voz comporá tua lenda. ♪
(e ele sorriu)

p.s.: obrigado aos amigos que deram mais cor nesse céu. (hein Dani bonitinha de caê!?)
p.s.2: fotos, coloco depois.

domingo, 24 de maio de 2009

Escreva

Ei, mundo, eu não vou mais esperar pelo Sol na janela do quarto ouvindo Jorge Drexler. Não vai adiantar repetir as doses de perdas. Não vai adiantar as máscaras do Roger Walters.

Pedi pra perder 365 dias da minha missão pra ir pra um lugar que, na real, não tem nada de interessante a me ensinar. Há bem mais o que aprender com as minhas 'más companhias'.

Não vou fazer as coisas sempre certas como minha irmã, muito menos farei coisas erradas. Simplesmente faço o quero e, só assim, não mudo minha essência.

Certa vez ouvi que quando você pede algo com muita vontade, Deus é o cara que diz 'não'. Quando morrer não vou levar minhas notas 10, nem a capa da revista Negócios, muito menos a medalha de 2º lugar na natação.

Eu vou cansar de implorar pelo que eu nem quero. Hora dessas volto pra coisas que realmente gosto. Coisas repletas de cores, aromas artificiais e que murcham com o tempo. E vão ofertar na bandeja tudo que hoje peço. E eu vou dizer: NÃO.

Não, não, não, não , não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não , não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não , não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não,não, não, não , não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não,não, não, não , não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não , não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não,não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não , não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não,não, não, não , não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não , não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não (...)

sábado, 23 de maio de 2009

Creio

En esta orilla del mundo lo que no es presa es baldío
Creo que he visto una luz al otro lado del río
Yo muy serio voy remando muy adentro sonrío
Creo que he visto una luz al otro lado del río

Sobre todo creo que no todo está perdido
Tanta lágrima, tanta lágrima y yo, soy un vaso vacío

Oigo una voz que me llama casi un suspiro
Rema, rema, rema-a Rema, rema, rema-a


Jorge Drexler - Al otro lado del rio

terça-feira, 12 de maio de 2009

Deixo


Alguém assim, nada comum, não poderia passar sem rastros sem deixar, nas memórias,
uma presença conturbada numa mistura de agrado e antipatia.
Um sono para as coisas práticas, um colírio para o turvo do mundo,
um barulho no mais perplexo dos silêncios.
A perfeita morada onde não cabe monotonia,
o tom da mancha na parede mais branca.
A própria inquietude. Um novo tom e novas cores a cada hora.
A resposta do último questionamento do último segundo ou,
quem sabe, a própria dúvida.
Extraordináriamente só mais alguém.


quinta-feira, 30 de abril de 2009

Tarde cinzenta 2 - Um instante

Hoje moro nas lembranças. Tirei algumas horas pra me confortar por lá. Em cada riso e brincadeira que desenharam belas e particulares histórias. Me enrolei nesse cobertor de teias, num calor de afeto que hoje foi subtraído. Desafiando todas as leis, cheiro deixando marcas, músicas tornando-se cenas. Essas horas são das lembranças, das pessoas, dos verões, de todos os planos. São as horas que a gente se pergunta a lista de clichês. Coisas que vivemos só por vier, mas servem de saudades. Não, não vou morar nessas lembranças. São só horas contadas. O tempo acaba.

Tarde cinzenta 1

Bom dia!


A pior parte de você sou eu — Salvei essa frase no celular, ou em algum lugar e certamente achei que ela poderia dar um texto. Tanto tempo depois, será que eu já previa o ponto que as coisas chegariam!? Por fora sou todo amor, talvez, teu cais. Por dentro sou proveito, maré, defeito, colo e exaustão. Mas antes não foi; em cada instante que passou. Mas o presente já não tolera as mesmas falas, manias do passado. O que ficou de mim foi o 'velho texto batido' em desejo de ser todas as faces que puder e não compartilhar todas elas com um só alguém. Eu - felizmente ou infelizmente - não posso ser de ninguém, porque não sou nem de mim mesmo. Essa história nada cresceu, só se arrastou por entre afinidades e por uma especie de desejo recíproco. Não, e eu não sou Chico pra transformar abstrato em palavras. É tudo pra total entendimento de dois. Mesmo que se arraste, que caía um pouco, ou até canse, não há como ter tanto em palavras.

Pesos e medidas não servem pra ninguém poder nos comparar'

Mora em mim

A minha fome pede um drink. Meu desejo pede uma platéia. O meu sonho, uma cena. O sangue que aqui pulsa quer ser sujo e repleto de adrenalina. Toda a vontade é avassaladora. Todo pecado, febril. Todas as horas são só minhas; e, parte do tempo, perdido.
O gesto, voz, palavras, luz. Um conjunto de coisas que questionam qual herança deixar ao mundo. As palavras, a cena, o som, piso. Coisas que não se comem, que não se exibe, que servem pra existir e só. Pra te fazer ser e pra os outros sentirem.
Parede, portas, janelas, relógios, calendário. Um monte de algemas e correntes tomando outras formas.
Orgulho, ego e falta só mais um passo.
minha carne é de carnaval,
meu coração é igual ♪♪♪'

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Texto num papel de pão


Isis, eu quero um texto que exprima todo meu sentimento, todas as cenas - bonitas e trágicas - usando uma linguagem chula. Abrir o dicionário da mente e metarfosiar o cotidiano, coisas assim pra mostrar conhecimento, já era! Bem sábios são aqueles que dizem como 'tá foda' sem precisar narrar a entrada do ar nos pulmões. Dizer que 'essa porra toda é bonita' sem descrever a dança de uma fumaça na meia-luz. Quero o dom do dizer, não do escrever. Falar de feira, muro pixado, corno, grito, dinheiro, ônibus, vendedor e pirata. Saber o 'dito' sem a censura que a beleza dá à verdade. Parar de falar das chuvas quando se há mais coisas a se fazer com um pingo d'água. Falar em realidade sem estabelecer comparação com a ilusão. Falar sobre comer porcaria, assistir mentirinha e pôr à mesa a obra para comer, não admirar. Admirar nem é usufruir. Quero a bagagem daquele mendigo na porta da igreja que é bem mais extensa que o escrito no livro que fica na mão daquele homem fantasiado, dentro dela. Me perder no cordel mais do que na biblioteca de Alexandria. Na lata, bala, uma plantação e escrever num papel de pão.


Acordes em oferta, cordel em promoção A Prosa presa em papel de bala Música rara em liquidação {...} Talento provado em papel moeda Poesia metamorfoseada em cifrão
Atalhos, retalhos, sobras
a matemática da arte em papel de pão
Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior ♪

terça-feira, 28 de abril de 2009

Tarde cinzenta


O mundo parece sucumbir lá fora. Aqui dentro - quente e úmido - penso que essas quatro paredes são de aço. A chuva parece não lavar o desespero do ego das pessoas do outro lado. As vezes acho que elas deveriam boiar nesse mar que caí e, ir pra sei lá onde. Parece que só aqui me deixam viver. Que só no espelho ao meu lado posso ser eu mesmo; que, só enrolado aqui embaixo posso sentir a música que pus pra tocar. É o meu mundo, cada vez menor. E aquela lenda do menino que mora numa estrela deve estar dizendo que estou ficando como eles. E daqui eu mais nada posso dizer. Odeio pensar que mais cedo ou mais tarde vou ter que abrir aquela porta. Posso também adormecer aqui, ir lá em sonho. Ou só adormecer.