segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Lances

O barulho lá de baixo é no que me concentro. Tento desviar os meus pensamentos. Desviar do toque do celular. De tudo que deveria falar. De paixões de dez dias. De namoros de trinta. Lances obscenos e castos. Deveria me encarar nesse espelho de feito de 'vergonha na cara'. Me enxergar no refrão do jazz que cantarolei nos últimos tempos. Eu deveria me arrepender do 'sim' no 'apagar todas?'. Não posso me ver numa roupagem dos comuns. Não há de ser eu no retrato de quem responde à questionarios, de quem divulga seu querer como troféu, de quem suporta ir dormir com o fôlego perdido como de quem foge sem ter cometido crime algum.
Me vejo como peças montadas. Peças de problemas, de encrencas, de carência, de romance, de nostalgia ... Pouco proveito. Com ar pesado de quem por tudo passou. Com os olhos de quem não conhece nada na vida. Controverso. Apaixonado. Odiado e desmerecedor. Com os dedos a deslizar no ritmo daquelas velhas melodias. É viver sem se reconhecer na própria sombra. Com a laringe murmurando o ritmo. Não sou um cara bom. Até a boca abrir e cantar aquele refrão.
param pam pam pam pam ♪'

I've never looked for trouble
But I've never ran
I don't take no orders
From no kind of man

I'm only made out
Of flesh, blood and bone
param pam pam pam pam ♪'
I'm evil, evil, evil, as can be {...}

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