terça-feira, 3 de novembro de 2009

Governamental


Lembro-me bem dos muros de antipatia que criava em torno de mim afim de aprisiornar-me em tudo que só a mim interessava. As cores, o agito e os sorrisos não existiam lá do outro lado. Eram discussões num total branco e preto. Não pude, em toda a minha essência, aprisionar-me num individualismo infantil quand0 todas variações – ainda em mono cor – me atingiram e acenaram com mais veemência do meu futuro pertencente total ao outro lado do muro. O outro, o desconhecido, passou a fazer parte da calçada. Mundo mostrando-me assim maior – e muito mais ruim – que todos os pés descalços que me alegravam-se nos paralelepipedos da rua 'H'e 'E'. Abrir os olhos não foi uma experiência tão dolorida quanto pra maioria. Sim, 'maioria' finalmente tornou-se uma palavra em meu vocabulário. Quando vi que mudanças benéficas não poderiam acontecer a mim e a minha nova palavra amarrei uma venda em meus olhos. Não tão diferentes daquelas paredes. Mas há caminhos tão variados e sutis para as mesmas coisas. Sutilmente, feito o embalo de alguns sambas, feito o estribilho de algumas letras, com a sabedoria de alguns ídolos, percebi que adentrava todo um dicionário, de procuras eternas por significados, pelos ouvidos. Sem filtro, aquilo passava por algum tipo de processo dentro mim e escapava-me pela boca. Ainda escapa. O hoje e agora em colunas feitas de palavras começou a funcionar como as cartas de tarot. Como uma ideia que poderia trabalhar em minha mente sem dissociar meu ego daquela minha primeira importante palavra com 'M'. A total desilusão governamental cobriu todos os pés de todas minhas ruas. Seria um nova onda ou puro efeito das idades que encurtavam suas pontes entre seus números? Sei agora que tenho mais o que pensar além da resposta pra essa pergunta. Falando no presente, encontrei na mono cor um - erroneamente chamado por muitos - mono tema. Sustentabilidade agora é uma palavra que veste saias e enfeita-se com colar de sementes. Mostrou a mim que os pés descalços da minha 'maioria' pisavam em terra fértil de ouro marrom. Que não ficariam muito tempo equilibrados ali se uma lama de gana e fios inunda-se ainda mais o que nos serve de sustento. Há uma nova cor além de preto, branco e o – já desbotado – vermelho. Há no meu dicionário há uma palavra chamada 'verde' que não se diferencia das cores daquelas ruas antigas, já citadas, nem mesmo do meu sentimento ganho ao olhar todos que transitavam nas calçadas. Posso notar agora que a venda que pus nos olhos, não é tão diferente daquela existente em estátuas em frente a fóruns. Que o governamentalismo derrubou o meu muro tal como o que caiu em 8 de novembro de 1989. Esse tombo foi causado à marretadas de consciência que sozinho posso fazer algo, posso fazer justiça, posso criar novos daqueles círculos. Que fechar os olhos não impede os ouvidos de funcionarem, a boca de mover-se, o coração de fazer algo além de bombear sangue, nem a derme de arrepiar-se. Vi que posso por vendas e que elas não impedem o todo de injetar em minhas veias um sentimento profundo que há de correr mundo como pulsar de conversas politicas em mesas de bar.

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