segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Volver II

O café me tirou o sono. A noite me levou ao passado. Voltei. Mas não era eu naquelas lembranças. Acumulei tanto de lá pra cá. Pude sentir o mesmo pecado febril , passear por tabuleiros , renda e couro , incomuns , pegar vidas , entidades do tempo , o fogo , o chão de madeira , a insônia , da vida boa , do que deixaram , a cor , as cartas , amantes , o sonho , amor , da real inspiração da música , da perfeição , dos minutos , deliciosos planos , dos lances , de 180 graus , de peito aberto , ou do que realmente estava a voltar . E não podia pular uma noite escura em campo aberto e com direito à fuga. É, fiz questão de ser nesse lugar. Nem os dias seguintes. Sem deixar de lembrar os cabelos mais longos. Da chuva, do pôr-do-sol, da volta pra casa. Chocolates. De parar no sinal. De 232 mensagens. Da varanda. Ou da vez do lounge. Do ilê. Das desculpas de ida ao banheiro. Tequila. De não seguir as ordens da tatuagem. Da roda e da poeira. Do alto e do cheiro de gasolina. Dos fogos, praia. Da primeira, da melhor e de todas as vezes que a saudade foi morta. Da vez que o relógio disse que era sábado. Do resto do sábado. Da ida ao consultório. Do jantar com a familia. De uns 30 segundos do blues do djavan. Da rua de trás. Da coca-cola na cozinha. Da foto que só podia existir trancada. Das duas horas no ônibus...
É, os dedos cansam na quantidade. Pobres, deixariam de existir na qualidade.