quarta-feira, 7 de abril de 2010

Três


Penso uma vez antes de começar. E nesta, só me perco. Como um andarilho que ocupa a mente com coisas triviais e confia num mapa que voa no primeiro vendaval. Eu não ensaiei, eu não caprichei no Armani, eu não disfarcei. Não há nada que sinto no que descrevo. Não há linhas retas, nem passo à frente. No que ficou em doce novembro foi amor, fui eu me inventando e me perdendo e de resposta resta o meu velho texto batido de 'não sei'. Foi certo em hora errada, talvez. Foi o querer mais que poder. Foi o quem sabe, o sei lá. O mais-que-perfeito e o não-saber-lidar. Foi pedir o eterno à mortal, foi complicar-me em metáforas alheias.

Penso pela segunda vez tentando me refazer. Era muito de mim. Era contrato de riscos. Mas sinto, essa noite, que era pouco o que emanava. Era carência, palco e luz. Tomei pra mim sentimento que não me pertencia – e sei o quanto complico nesse ponto de vista. Tem que haver um equilibrio entre aposta e números de partidas. Fui rompido, cruel, julgado. Me sinto repleto, sincero e claro. Eramos 1 e 1. Não dois.

Já penso pela terceira vez e constato que desta ainda sairei num silêncio repleto de palavras. Corto o pensamento, arranho nas notas. Hoje eu preciso de companhia pra falar do mar e até daquelas torres e caixas chatas. Daqui, do alto de meu egoísmo, descrevo o fato como comédia de Deuses brincalhões, tragédias de palavras não trocadas e fins sem beijos. Inicio, fim e – perdido num amontoado de traços futuros – meio. Eu queria ter certeza de estrofes, de nos reinventar.

Não há lugar pra lamúrias,
essas não caem bem.
Não há lugar pra calúnias ♫♪'{...}

3 comentários:

Tiago Fagner disse...

"Um só sempre é demais"...

Lendo esse teu texto Victor me vieram imagens a cabeça. Você, bares, esse amor, descobertas e finais! Outros textos teus também me remeteram a esse ambiente e finais assim.

"Mas por que não nos reinventar?"

Naia Mello disse...

Victor, acho que não sou a unica a dizer o quanto você escreve muito bem, e como diz o comentário acima, quando li seus textos me vejo nos lugares que eu própria criei na minha mente e de buscar tentar entender o que você queria desabafar com tamanha imaginação.

te seguirei, assim como o vento... disse...

MEU AMIGO EU LENDO ESSE TEXTO EU CHOREI MAS DE FELICIDAE E MISTURADO DE SAUDADES OS DEUSES EM SUAS PALAVRAS ME ENVIARAM UMA POSTAGEM SUA NO EMAIL E ME FEZ FELIZ CM SEMPRE FAZ... TE AMO grata aos Deuses ou sei lá quem seja por ser sua AMIGA de verdade...