segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Coleção



Imerso na promessa de não alimentar com cores o que sempre me começou em branco e preto. De não gastar as canções da De La Riva, ou rimas do Jeneci. De ser assim, pouco sincero. Pelo menos, enquanto for pra ser. E de colecionar mais do mesmo. De chamar obrigação de pecado. Chamar pecado de lei. Trocar consolo e paixão. Pudor, preliminar. E fazer cena de cada desfecho. Foi meio Almodóvar, meio Fellini ...assim bem – clichê – música do lenine. Com doses menos saudosistas, astrológica e exageradamente. Com mais vertentes. Secamente pouco maleável. Esse histórico que se torna letras de post-it e fios de lã no dedo. E é muito do pouco que sobra. Um tanto do que ainda se tem. No olhar pro lado, pro presente, estimativas em cada célula que vou possuir até o fim dessa noite. Amanhã de manhã, estatísticas. Repleto da não-satisfação. Sorriso à face e lã ao dedo.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mal sucedido


As velhas palavras cuspidas depois dos mais tolos desencontros – desta vez – não foram ensaiadas. Afinal, algo tinha que acontecer de forma diferente. Para dar, mesmo que ilusória, uma sensação de progresso com a aprendizagem das experiências (segundo Wilde esse é o nome que damos aos nossos erros) anteriores. Nas curtas linhas do tempo, quando intensas, já se pode prever o que se há de guardar numa caixa negra de recordações que serão postas à prova na reta final de sentimentos validados. E como uma dinastia dos fadados ao encontro de quem não poderá jamais interpretar teus pensamentos como desbravam curvas do seu corpo, o previsto tornou-se o certo. O velho clichê de valer a pena abdicar-se um pouco de si mesmo para compartilhar-se, parece-me cada vez mais empoeirado e tolo. As palavras acabam por dividir suas afiações em pé de igualdade com o silêncio da frieza mórbida. Nunca será uma questão de certo ou errado – e por mais que repita isso sei que será em vão. Caminha por entre essas duas a linha tênue da prática. Onde utiliza-se das palavras sussurradas em pé de ouvido ou recém deletadas da caixa de entrada para serem postas aonde as pupilas possam se dilatar e lacrimejar. Cada letra como uma celula, cada frase um pedaço, cada texto um corpo. Dizeres plenos: Se – e eu não acredito nisso – surgir em tua madrugada mais estrelada, alguém que possa te oferecer o mesmo olhar que te dava em quanto tu dormia e quando abrir os olhos encher as paredes de palavras, prove. pro. ve. Mostre pra alguém que você não é de nada.